Poemas

O que mais me choca nos poemas que tenho feito, é que algo é familiar. É brega, mas diz de um jeito que você não sente vergonha de assumir. É indignado com a miséria brasileira, mas põe luxo no lixo que é berrar da arquibancada. É escandalosamente lírico, mas embute o rococó num modelito moderninho. É sempre eu mesma, mas me dá a sensação que é você ou o zé da esquina. Tenho a impressão que é por caminhar bailarino por atalhos, frestas e vias expressas já tantas vezes caminhadas por todos, e mesmo assim criar o novo, o insólito, o original, que eu tento fazer a mágica de gerar uma grande poesia. Porque poesia, quando é boa, é assim mesmo, igual a vida: todo dia é igual ao outro, mas soa no coração como único, definitivo, especial.

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